Para uma melhor compreensão das várias faces existentes no processo de inclusão é importante ouvir os diferentes discursos.
- 1. Ponto de vista do professor
Inclusão é um desafio para o professor. A professora relata que pediu ajuda da diretora para que o aluno fosse incluído, alfabetizado. Como não obteve apoio, procurou o registro do aluno que não avançava e descobriu que ele já havia passado por sucessivas transferências e mesmo assim não era alfabetizado.
De acordo com a visão da professora: o professor não está preparado, a escola tem salas numerosas, falta apoio institucional. Para que o processo aconteça é necessário pensar possibilidades, conhecer melhor o aluno e reconhecer que todos os alunos possuem necessidades. As estratégias diferenciadas são necessárias para todos os alunos.
A escola precisa estabelecer parcerias, porque quando recebe uma criança com necessidade especial acontece um susto que imobiliza, mas é preciso cumprir seu papel social e sair da imobilidade.
2. Ponto de vista da coordenação / direção
De acordo com a coordenadora, foi possível ouvir e articular os diferentes pontos de vista – para o professor fica muito forte a falta de formação e experiência para inclusão, a sensação de que o papel se restringe a socialização do que o investimentos na aprendizagem.
Para as famílias há uma sensação de que colocar o filho na escolar regular pode não ser o melhor, há uma sensação de que o filho não é bem aceito, não há disponibilidade para aceitação e acolhimento das crianças.
Os profissionais de saúde tem dificuldade de lidar com a criança em ambiente escola porque estão habituados ao ambiente clinico.
É fundamental ouvir as crianças que vivem o processo, pois de forma espontânea são capazes de criar estratégias para resolver os conflitos de forma mais tranqüila e mais simples, apoiando e acompanhando o sujeito da inclusão.
3. Ponto de vista dos pais
A mãe relata que as escolas tem recusado a matricula de crianças com necessidade especial, pois as escolas não estão preparadas.
O que é estar preparado? Em algumas escolas as crianças são incluídas nas salas regulares mas não tem suporte dos professores
Em algumas escolas há uma inclusão social mas não há uma inclusão pedagógica – a criança não é alfabetizadas
O que falta é um olhar para a capacidade e habilidade, é preciso mudar o contexto e as formas de ensinar
O caminho para a inclusão real é dar atenção para as ncessidades das crianças e estabelecer estratégias e objetivos, É fundamental um trabalho em parceria com a familia
4. Ponto de vista do aluno
Como é que o aluno vive isso? Como o aluno percebe e vive o processo de inclusão?
Quando as pessoas vêem criança com necessidades especiais só percebem a deficiência e esquecem o todo.A criança é vista como integralmente deficiente, não recebe o direito de voz, quando ela fala não é ouvida.
A criança tem o direito de entrar na escola mas está excluída e isso ocorre de forma geral em todas as escolas. Uma classe é montada com cara de homogênea e só com o tempo as crianças são vistas e suas especificidades são descobertas
O corpo escolar tem lidado de forma muito mascarada, a criança passa do fora da escola para dentro da escola de forma excludente. Como fica isso em termos de aprendizagem? Como é que o professor trabalha de forma invisível, o aluno passa a ser visto de forma invisível?
Considerar a questão dentro da noção de complexidade. É necessário pensar o ensino aprendizagem como processo e não focar o olhar na criança e no problema (sujeito diferente) a criança precisa ser pensada na relação com o professor.
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